

A palavra é conhecida por várias formas, há quem diga o Yôga, a Yóga, o Iôga, a Ióga, uma palavra tabu na boca das pessoas, pois, afinal o que é yôga e porquê tanto mistério por trás desta palavra?
O yôga ao contrário do que muitos no ocidente pensam não se resume apenas em prática de exercícios (asanas), e meditação. O yôga em seu conjunto é muito mais que isso, é uma forma de se viver e contemplar a vida. A palavra yôga provém da raiz sânscrita yuj que significa ligar, unir, juntar, na Índia pronuncia se “yô” com a letra ô fechada. Muitos caminhos levam à compreensão do que é o yôga, mas ele é um só, e tem um único objetivo final, a união das três partes que compõem o ser humano: o corpo, a mente e alma e sua união como um cosmos. Uma filosofia muito antiga e independente de religião. A Diretora da Associação de Yoga de São Paulo, Ana Borella, explica que o yôga, desde o seu surgimento, esteve muito presente no budismo e hinduísmo, mas não são devem ser associados como uma coisa única. “O yôga acompanhou a história da Índia, ele influenciou e foi influenciado pela religião”. Borela ainda explica que um católico, ateu ou protestante pode praticar o yôga, afinal, os ensinamentos dessa filosofia são próximos de alguns dogmas religiosos como a paz e o amor ao próximo.
Existem algumas versões sobre o surgimento do yôga, são poucos os registros, mas a história baseia-se em trabalhos de arqueólogos e deduções construídas por historiadores e cientistas. O que se sabe é que a maioria dos ensinamentos eram passados por tradições orais. A versão mais antiga sobre a história é que surgiu na Índia a mais de 5.000 anos e foi uma das primeiras manifestações culturais deste povo. A história conta que a 3.000 a.C existia uma população nativa denominada como drádivas, era uma sociedade agreste, bem organizada, onde não existia segregação nem de gênero e nem de raça. A partir da invasão sub-bárbara ariana, o território foi devastado, as cidades destruídas, alguns morreram e outros foram escravizados. Os drádivas eram um povo pacífico de pele negra existente em quase toda Índia e foram massacrados obrigados a migrar para o Sul da Índia, onde até hoje é possível ver seus descendentes nesta região do país.
Durante esses milhares de anos, o yôga passou por várias transformações e se dividiu em dois grandes grupos Yôga Antigo e Yôga Moderno. Dentro do yôga antigo, suas duas mais importantes fases foram o Pré – clássico e Clássico, porém a fase que mais se conhece é a Clássica. Por volta do século III a.C, Patãnjali sistematizou e elaborou um importante tratado onde reunia ensinamentos sobre a cultura hindu. O tratado de Patãnjali (Yoga-Sutra) juntou, classificou e codificou uma série de práticas ascéticas que já existiam há milhares de anos na Índia e que são hoje conhecidas por Raja Yoga . Segundo Patañjali, o Raja Yoga ou yoga real é composto por oito membros ou ramos mais conhecidos por Ashtanga Yoga.
O Yôga moderno teve seu início em 1893, quando Swami Vivekananda foi ao Congresso das Religiões nos Estados Unidos em Chicago. Antes de Vivekananda houve outros yogis que atravessaram o oceano e direção da Europa, mas a sua influência em termos de divulgação do yoga foi limitada. A participação de Vivekananda no Congresso das Religiões abriu portas para outros yogis que começaram a vir para o ocidente. Após Vivekananda, o yogi com mais evidência, foi Paramahansa Yogananda que chegou a Boston em 1920 e cinco anos mais tarde abriu a Self-Realization Fellowship.
“Yoga significa "jugo", "jungir", isto é, juntar a alma do homem à Alma Suprema ou Deus. Este nosso "eu" menor, cobre apenas uma pequena consciência e urna vasta quantidade de inconsciência, enquanto sobre esse eu, e quase completamente desconhecida dele, está o plano superconsciente." Swami Vivekananda
Borella se aproximou do yôga por questões de saúde, principalmente estresse, mas após conhecer essa filosofia, resolveu se aprofundar e dedicar-se como profissão também. Ela enfatiza que depois que conheceu o yôga, obteve mais equilíbrio na sua vida, bem-estar no seu dia a dia, um sono mais tranquilo, controle da ansiedade e conseguiu gerenciar o estresse. “No yôga, a ideia é que nós todos somos iguais, e se nós todos somos iguais, uma das principais mudanças que você encontra é de amar profundamente. Então, você passa a amar todo mundo”.
Hoje essa filosofia por conta de um estereótipo de atividade física foi distorcida e ainda é um tanto mistificada, já que existem tantas ramificações e estilos criados. Por isso fica difícil saber afinal qual é a sua essência. Borella explica que somente em escolas especializadas, o praticante terá conhecimento da filosofia e poderá usufruir de todos os benefícios que o yôga traz, que vão muito além da parte física. Yôga significa “Uni”, ou seja, a união do corpo e da mente trabalhando juntos para manter o equilíbrio da vida. Outro fato importante é o ponto de vista ocidental e preconceituoso em relação ao yôga, muitos acreditam que é coisa pra mulher ou idoso. A princípio na Índia, onde originalmente surgiu, somente homens podiam usufruir das técnicas corporais mantendo as mulheres por milhares de anos longe da prática. No ocidente, por falta de conhecimento os homens não se aproximaram por ser algo diferente e as mulheres por serem mais sensíveis e por possuírem menos resistência a novos conhecimentos foram às primeiras adeptas dessa cultura.